Arquivos, anarquivos #Anarqueológicas #5
Notícias de itinerários entre imagens, quinta edição: 11 de junho de 2020.
Olá, como vai o feriado?
Aliás, você se lembrava que hoje era feriado? Pra muita gente que continua trabalhando, nada ou muito pouco mudou, mas pra muitos de nós essa experiência de “isolamento social” envolve um processo variável, oscilante, mas persistente, de rarefação do sentido do tempo.
Acho que vai ser algo raro, mas às vezes vou escrever mais de uma vez na mesma semana por aqui. Dessa vez, isso se deve a um mês de junho bem cheio, como talvez você tenha já observado na mensagem de alguns dias atrás: sempre com mais de uma atividade por semana, teremos muitas oportunidades de nos ver, mesmo que apenas por meio das telas que, se já eram tão importantes antes, agora se tornaram o principal instrumento de nossa relação com o mundo.
Resumindo, o itinerário do resto de junho começa hoje mesmo e é o seguinte:
Conversa a partir de Afrotopia, de Felwine Sarr, e dos filmes 25 (1977) e Wallay (2017)
Reunião sobre projetos de pesquisa de Kalinka Brant e Marcelo Ribeiro - dia 22/06, 17h
Palestra de Fernanda Sousa sobre Amada, de Toni Morrison - dia 25/06, 17h
Discussão sobre o filme Café com Canela e projeto de pesquisa de Jônatas Pereira - dia 29/06, 17h
Na mensagem anterior detalhei um pouco o que faremos até dia 15, então agora queria começar a detalhar um pouco mais a partir do dia 17. Talvez seja uma constelação que se insinua e se desfaz aí, entre os dias, sobre as questões do arquivo e do anarquivo, um conceito que comecei a explorar em Do inimaginável e agora se torna o cerne de um novo projeto de pesquisa, em elaboração.
Conversa aberta com Fábio Rodrigues Filho: 17/06
A relação com o arquivo difuso da história do cinema brasileiro está no cerne do filme Tudo que é apertado rasga (2019), de Fábio Rodrigues Filho, que está em exibição, como parte do Grande Prêmio de Cinema Brasileiro de 2020, no Porta Curtas, já faz algum tempo. Recomendo que assista o quanto antes, se ainda não tiver feito isso, porque é um filme lindo!
Fábio é nosso convidado no próximo dia 17/06, quarta-feira, às 17h, em uma nova conversa aberta do projeto #Anarqueológicas. Um dos pontos de partida da conversa é a questão do arquivo: a abordagem de imagens de arquivo que Fábio elabora em seu filme-ensaio interroga, com um gesto arqueológico e inventivo, o modo como atores e atrizes negras participam da história do cinema brasileiro. A sinopse indica o caminho seguido, que permanece um caminho a seguir: "operar o corte por justiça".
Fábio, que é pesquisador, cartazista e atua como curador e programador em cinema, é também membro dos grupos de pesquisa Áfricas nas Artes (Cahl/UFRB) e do Poéticas da Experiência (UFMG). Seu blog tem um nome sugestivo: Tocar o Cinema. Atualmente, ele realiza sua pesquisa de mestrado no programa de Comunicação da UFMG, na linha Pragmáticas da Imagem, e é graduado na mesma área na UFRB.
As inscrições gratuitas já estão abertas!
Cinema de arquivo, paradigma anarquívico: 22/06
O chamado cinema de arquivo é um dos temas da reunião do grupo no dia 22/06, às 17h. É possível definir cinema de arquivo? Qual é a história das diversas formas de uso (e abuso) do arquivo na história do cinema, de modo geral, e nos diferentes contextos em que se desdobra como uma história múltipla e, portanto, refratária a todo arquivamento centralizador?
A reunião será dedicada a dois projetos de participantes do grupo, nos quais a questão do arquivo ocupa um lugar central. Considerando as pesquisas que eu e Kalinka Brant estamos desenvolvendo, vamos discutir problemas de definição de corpus, questões de método, constelações e derivas possíveis, e provavelmente estará em jogo, também, retomar a seguinte questão: o que pode significar uma arqueologia do sensível?
Como toda reunião, é aberta. Se quiser participar, é só nos avisar, pra que possamos garantir que o link chegue até você em tempo hábil.
Fernanda Sousa sobre Amada, de Toni Morrison: 25/06
Vale ainda lembrar que, no dia 25/06, às 17h, com transmissão ao vivo via YouTube, a professora e pesquisadora Fernanda Sousa, que desenvolve pesquisa de doutorado na USP, realiza a palestra “E quando esse amor pode te destruir?”: Amor, sofrimento e imaginação em Amada, de Toni Morrison. Você já pode fazer sua inscrição e nos ajudar a divulgar!
O romance Amada e a conversa com Fernanda não estão dissociados da questão do arquivo, afinal: sempre que se aborda a história da escravidão, é preciso interrogar as condições de acesso, assim como as próprias condições de possibilidade do que se encontra no arquivo histórico.
O que Toni Morrison faz em seu romance, em alguma medida, é revirar o arquivo da escravidão: ela parte de uma notícia de jornal para escrever a obra. “Um recorte de jornal do The Black Book [O livro negro]”, lemos na página 11 da edição da Companhia das Letras, “resumia a história de Margaret Garner, uma jovem que, depois de escapar da escravidão, foi presa por matar um de seus filhos (e tentar matar os outros), para impedir que fossem devolvidos à plantação do senhor.”
Revirar o arquivo: anarquivo. É também disso que trata a arqueologia do sensível.
Abraços,
Marcelo.
As derivas anarqueológicas são registros periódicos de parte dos itinerários do que se pode denominar uma arqueologia do sensível. Quer saber mais sobre o grupo e sobre projeto #Anarqueológicas?
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