Palestra "af ec tos l l lacu nar e s" #Anarqueológicas #11
Notícias de itinerários entre imagens, 11ª edição: 13 de outubro de 2020.
Oi, como vai?
Seguimos com a programação do projeto #Anarqueológicas neste segundo semestre de 2020, chegando à terceira atividade desse segundo ciclo. Na próxima quinta, 15/10, a partir das 19h, ocorre a palestra af ec tos l l lacu nar e s: um estudo acerca da poética do arquivo e do impulso anarquívistico, com a artista e pesquisadora Gabriela Sá. A transmissão ao vivo acontece, como sempre, no nosso canal do YouTube:
Resumo
Esta pesquisa parte de um arquivo e para ele se volta. Assim, propõe um estudo – de cunho teórico e prático – acerca dos modos de investimento do artista contemporâneo no uso do material de arquivo. A partir da perspectiva de Hal Foster acerca de uma nova pulsão de arquivo na arte, tomo a noção de impulso anarquivístico como principal operador na pesquisa que conduzo – seja ao buscar artistas que sofram deste impulso, seja ao perceber, em minhas próprias obras, um interesse pelas lacunas do arquivo que tenho em mãos. Contudo, a conversa, aqui, proposta, não tem a intenção de abarcar a pesquisa feita durante os dois anos do mestrado em sua inteireza, mas, sim, apresentar sua metodologia e os principais artistas trabalhados – dentre eles, Walid Ra’ad, Susan Hiller, Mary Kelly, Zoe Leonard e Cristina De Middel –, além de meu próprio trabalho artístico. Em conjunção com as proposições de autores como Jacques Derrida, Maurício Lissovsky, Lucia Castello Branco, Georges Didi-Huberman e Maurice Blanchot, para além de Foster, em "af ec tos l l lacu nar e s", as relações entre arquivo, memória, esquecimento, história e ficção, serão revisadas na medida em que me debruço sobre o poder documental e a dimensão poética do arquivo.
Leitura indicada
Capítulo 2, "A poética no esquecimento", da dissertação de mestrado que dá título à palestra, disponível em: https://repositorio.ufmg.br/handle/1843/BUOS-APFNER
Algumas imagens da série canned memories (2014)
Sobre uma das séries de sua autoria, que ela comentará na palestra, Gabriela escreveu (na p. 86 de sua dissertação de mestrado):
“Se memórias pudessem ser enlatadas, elas também teriam data de validade?”, questiona-se o personagem de Chungking Express (1994) […]. Apropriei-me deste questionamento e canned memories (2014) nasceu ali, em meio às contradições da efemeridade da memória e o desejo utópico de expandir sua existência. Nasceu, também, na dobra ocasionada pelo uso do termo “data de validade” em meio à temática memorialista, afinal, nossas memórias não só estão condenadas a sofrer a influência do tempo, ficando cada vez mais imprecisas, tênues e esgarçadas, mas também estão sujeitas à finitude da própria vida, vivendo em paralelo à inevitável iminência da morte.
Por isso, inclusive, conseguimos compreender que se memória e esquecimento não andassem de mãos dadas, talvez não teríamos uma relação tão afetuosa com fotografias. Sendo assim, a ideia de preservar tais imagens da memória do mesmo modo como conservamos um alimento, dando a ele a possibilidade de durar mais, torna-se agradável ao coração. Quando o tempo parece passar cada vez mais rápido, as imagens são cada vez mais múltiplas, as memórias parecem se perder entre aquilo que realmente aconteceu e aquilo que imaginamos ter acontecido, fazendo com que este desejo de permanência, de eternização, pareça estar diretamente ligado à efemeridade de nossas próprias vidas.
A fim de explorar essas complexidades, decidi “enlatar” algumas memórias, e foi quando, enfim, resolvi trabalhar com o arquivo do meu pai. Na realidade, foi, inclusive, a primeira vez que o abri após a sua morte.
Outras obras do impulso anarquivístico
Entre as outras obras de arte contemporânea que mobilizam o que Gabriela entende como impulso anarquivístico, destacamos duas: o projeto The Atlas Group (1989-2004), do artista libanês Walid Raad, e The Afronauts (2012), da artista espanhola Christina de Middel. A heterogeneidade desses projetos deve permitir entrever a multiplicidade de sentidos e possibilidades do impulso anarquivístico na arte contemporânea, e a palestra de Gabriela será certamente uma ótima oportunidade para entender melhor cada uma dessas obras, assim como as relações entre elas.
Sobre a palestrante
gabriela sá (1988) é artista-pesquisadora, professora, curadora, desenhista de expografias e produtora de exposições de arte contemporânea. Desenvolve trabalhos autorais em diversos meios, tendo participado de exposições em Belo Horizonte/MG, Juiz de Fora/MG, Teresina/PI e Leeds (UK). Mestra em Artes pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), tem interesse pela imagem, seja ela estática ou em movimento, e suas pesquisas mais recentes perpassam os temas da memória e do esquecimento, da história e da ficção, do real e do imaginário, todos por meio do arquivo e suas lacunas.
Para assistir à palestra af ec tos l l lacu nar e s: um estudo acerca da poética do arquivo e do impulso anarquívistico, é só acessar o link abaixo na quinta, 15/10, às 19h:
Abraços!
Marcelo
As derivas anarqueológicas são registros periódicos de parte dos itinerários do que se pode denominar uma arqueologia do sensível. É a newsletter do grupo de pesquisa e estudos Arqueologia do Sensível, criado em abril de 2018 na Faculdade de Comunicação da Universidade Federal da Bahia e coordenado pelos professores Marcelo R. S. Ribeiro e Marcelo Monteiro Costa.
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